Lucia Di Lammermoor: John Pritchard, Roma (1961)

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Nos anos 50 o mundo se impressionou com a Lucia de Maria Callas, que devolveu esse papel para as sopranos dramático di agilitá, e fez do belcanto um instrumento de expressão e não apenas de ornamentação.

Reza a lenda que Maria Callas assistiu a uma recita de Lucia Di Lammermoor em 1959 no Royal Opera House, e saiu impressionada com a atuação de Joan Sutherland, dizendo inclusive que aquele teatro não precisava mais de sua Lucia.

Joan Sutherland junto com Maria Callas e outras que viriam mais adiante, foi uma das responsáveis pelo renascimento do Belcanto. A Lucia de 1959 catapultou a carreira de Sutherland levando ela a atuar nos teatros mais importantes do mundo.

A gravação aqui aludida traz um elenco muito bom com Joan Sutherland no auge da forma, junto com o jovem tenor, Renato Cioni na pele de Edgardo e os excelentes Robert Merril e Cesare Siepi nos papeis de Enrico e Raimondo respectivamente. Outro destaque da gravação é que ela não inclui repartos no libretto, o apresentando na sua totalidade, senão me engano é a primeira gravação a fazer isso.

Cioni interpreta um ótimo Edgardo, a voz é potente e a intensidade dramática do personagem é muito bem captada, contudo o timbre é meio áspero faltando-lhe a beleza timbrica e luminosidade de outros Edgardos. Merril também se destaca no papel do pérfido Enrico, o fraseado é de qualidade já o timbre não reveste muito interesse, senti uma falta de potencia nas notas mais elevadas, o que contornou com a superior qualidade de sua interpretação.

Cesare Siepi compõe o melhor Raimondo que já ouvi. Raimondo é uma papel que não me reveste muito interesse, pelo menos até entrar em contato com o de Siepi, que possui um canto refinado e de suprema elegância, que combina muito bem com a posição refletida pelo capelão na ópera.

Joan Sutherland é a maior Lucia pós-callas e mesmo na comparação entre as duas não consigo me decidir qual foi a melhor. Sutherland compõe uma Lucia de timbre muito bonito e fraseado dócil, sua composição dramática revela uma Lucia apaixonada e meiga até a "Cena da Loucura" onde sua interpretação sugere uma Lucia angustiada e sofrida.

A coloratura como sempre é um sonho, Pianissimis celestiais, Stacattos ultra-velozes, Legatto maravilhoso e notas sobre-agudas impressionantes. Muitas pessoas acusam Sutherland de ser uma interprete superficial, e que sua Lucia é apenas um produto pirotécnico, afirmações que constituem em absurdos disparates pelo menos no que consiste a esta Lucia.

O fraseado é belíssimo, ainda provido de consoantes que viriam a desaparecer com o passar dos anos, e a voz é bastante volumosa se fazendo ouvir facilmente no sexteto que engole vozes pequenas. Creio que a principal diferença entre essa Lucia e as "ultra ornamentadas" das sopranos ligeiros, é o volume, enquanto as sopranos ligeiras  tem vozes muito pequeninas e luminosas desprovidas de cor e peso além de inaudíveis no sexteto, Sutherland tem devido a sua condição de soprano dramatico di agilitá todos esses requisitos, que faltam a estas sopranos.

Sobre a velha discussão de quem foi a maior Lucia, Callas ou Sutherland? faça como eu e ignore essa comparação dado que as duas são Lucias excepcionais, cada uma em um aspecto, o que torna impossível decidir qual foi a melhor.

Nota: 10 **********

Em Audição: Belcanto Italiano

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Joan Sutherland por via de sua celebre Lucia Di Lammermoor vem fazendo parte das audições desse autor, que também destaca o disco dedicado ao Belcanto de Elina Garanca. Ambas em breve serão comentadas nesse blog.

A Obra e a Trilha

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A Obra


A Trilha


Otello - Mario Del Monaco
Desdemona - Renata Tebaldi
Iago - Aldo Protti

Anna Bolena

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Papéis Principais

Anna Bolena: Soprano
Enrico VIII: Baixo
Giovanna (Jane) Seymour: Mezzosoprano
Smeton: Mezzosoprano
Percy: Tenor

Descrição

Enrico VIII: O Rei Henrique VIII
Anna Bolena: Sua 2ª mulher
Seymour: Sua 3ª mulher
Smeton: Um Músico da Corte 
Percy: O Ex-amante de Anna




Nome Em Português: Ana Bolena
Compositor: Gaetano Donizetti
Tipo de Enredo: Tragedia Lírica
Atos e Duração: Dois atos com 3h e 15m de duração
Data da Composição: 1830
Estreia: 26 de Dezembro de 1830
Local da Estreia: Teatro Carcano, Milão, Italia
Libretista: Felice Romani
Baseado em: Henri VIII de Marie-Joseph Chénier e Anna Bolena de Alessandro Prepoli
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A 30ª ópera de Donizetti foi seu primeiro grande triunfo e passaporte para a fama internacional. Embora o relato da execução de Anna Bolena seja historicamente inexato, essa obra é acima de tudo uma orgia do bel canto, com gloriosas árias de soprano e tenor, um tocante dueto entre a malfadada rainha e sua sucessora designada e finales magistrais nos dois atos. Muito longa, costuma ser apresentada com cortes significativos.

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* Giuditta Pasta foi a diva que tornou famosa Anna Bolena. Outra diva, Maria Callas, ressucitaria essa ópera esquecida em memorável produção no Scala da Milão em 1957. *
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Anna Netrebko como Anna Bolena em cartaz anunciando a produção dessa ópera no Metropolian Opera em Nova York.

Em Breve...

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Elina Garanca é uma mezzo-soprano letã, que a tempos o autor ouvia falar, mas nunca baixou ou comprou (esse último por causa do preço) nenhum dos seus registros. Garanca é uma excelsa cantora, dona de um belíssimo timbre e total disciplina tecnica, se destacou em papeis belcantistas, mozartianos, para além de sua fabulosa Carmen, que deslumbrou o Met.

Garanca é uma grande parceira da Netrebko, uma das minhas divas de eleição, conheci a Garanca inclusive no "Dueto das Flores" (video abaixo) da ópera Lakmé de Leos Delibes.

Sua Giovanna Seymour é sensacional, seu dueto com a Netrebko abriu meu apetite para esse registro, que já se encontra disponivel em sua totalidade na internet, e também na livraria Cultura, só que por um preço nada camarada.

Buscando um disco de árias para começar a ouvir a Garanca, me deparo com um registro seu dedicado integralmente ao belcanto, um dos repertórios que mais me agradam, e pelas curtas audições que fiz do disco, posso dizer que me encheu de expectativas. Garanca não se limita ao Mainstream operistico, ressucitando óperas como: "L'assedio di Calais", "Dom Sébastien, Roi de Portugal" (Donizetti), "Maometto II" (Rossini), "Adelson e Salvini" (Bellini).

O trunfo do CD provavelmente residirá na interpretação de Romeo da ópera "I Capuleti E I Montecchi" de Bellini, ópera que se encontra disponivel também na totalidade com a dupla Netrebko/Garanca. fiquem aqui com 3 videos da Garancam, o primeiro é o já mencionado "Dueto das Flores", o segundo é uma música popular espanhola chamada "El Vito", e a última é o assombroso dueto de Netrebko e Garanca na ópera Anna Bolena.



Regalos de Natal

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Um Il Barbiere di Siviglia protagonizado pela mítica soprano de coloratura, Lily Pons, que se arrisca ao interpretar um papel criado para mezzos de coloratura. Temos aqui também um Conde Almaviva interpretado pelo tenor, Giuseppe Di Stefano, no inicio de sua brilhante carreira.

Adquiri também a legendária Lucia Di Lammermoor de Herbert Von Karajan com Maria Callas no papel principal. Já havia ouvido a esta gravação antes, e a resenhei aqui como parte do especial. Falando no especial, comprei também mais uma Lucia de referencia, a da Renata Scotto com Francesco Molinari-Pradelli na batuta.

Desde já incluo, Renata Scotto, no especial.

Lucia Di Lammermoor: Herbert Von Karajan, Berlin (1955)

Posted by Rubens

Ouvi a algum tempo atrás a minha cantora de eleição, Maria Callas, interpretando um de seus papeis de excepção junto de seu fiel parceiro, o Di Stefano.

A gravação foi realizada ao vivo na cidade de Berlin sob a batuta do genial maestro, Herbert Von Karajan, que contou com a ajuda do coro do Teatro alla Scala de Milão.

A gravação ao vivo é um dos maiores defeitos dessa gravação, pois nesse dia uma senhora estava brincando de quem tossia mais alto a fim de se sobrepor ao som da orquestra e dos cantores. Isso somado a outros barulhos tiram um pouco do brilho do CD, mas não chegam a atrapalhar sua audição.

Outro defeito, é o corte de cenas, que constam no libretto da ópera, e que estavam incluídas na gravação da Netrebko, que foi resenhada a algum tempo. O corte do dueto de Lucia com o Capelão, da discussão de Edgardo com Enrico no 3º ato antes da Mad Scene, e também de uma parte que antecede a ária "Spargi D'Amaro Pianto" é uma baixa na qualidade da gravação.

Nicola Zaccaria foi profundamente prejudicado nessa gravação, pois seu dueto com a Lucia no 2º ato da ópera foi cortado, e esse é um dos pontos altos do personagem Raimondo. Se destacou em outras passagens como na ária que antecede a entrada da Mad Scene, com uma voz firme e segura, não desapontou.

Rolando Panerai é desde já um dos meus "Enricos" de eleição, a voz é de invulgar potência com agudos e graves soberbos, timbre pesado e escuro que realça a maldade do personagem e uma interpretação sublime.

Giuseppe Di Stefano é o maior Edgardo da história, desde que se começaram a gravar óperas em discos, tendo como seu maior triunfo a prestação a Edgardo em 1953. Aqui em 1955 continua interpretando um Edgardo de outro nível, aliando um timbre e fraseado de suprema elegância, com uma interpretação de outro nível, o que pode ser percebido nas árias finais de Edgardo, que culminam em um "Tu Che A Dio Spiegasti L'ali" emocionante.

O tenor triunfa em todas as linhas, compondo um Edgardo dificílimo de ser ladeado. O registro agudo e central são totalmente dominados, o lirismo e sofrimento na interpretação podem ser sentidos a cada palavra, e um dos maiores momentos da ópera é seu dueto com Lucia no primeiro ato, onde seu talento se soma ao de "La Divina".

Maria Callas interpreta aqui uma de sua melhores "Lucias" de acordo com os aficionados do estilo. Callas foi responsável por dar uma nova vida ao Belcanto italiano, restaurando óperas que foram esquecidas, sendo Lucia Di Lammermoor uma dessas óperas ressuscitadas pela diva grega. .

Em quesito de interpretação, Maria Callas, é imbatível! lendo com perfeição tanto a parte lírica quanto a Spinto da personagem, sobrando ainda espaço para ler as passagens de coloratura da personagem com algum sucesso. A cor da voz muda com uma extrema agilidade, revelando a total habilidade da soprano na interpretação.

Na Mad Scene, Callas nos brinda com uma das melhores Lucias em quesito de drama, já a coloratura não é tão mágica. Os agudos são estratosféricos, porém revelam alguma acidez incomoda e a frágil sustentação dos pianissimis diminui a beleza das ornamentações. Apesar de não ser bela, a agilitá da cantora merece respeito, pois na leitura de Stacattos e cadenzas a cantora se sai muito bem.

Maria Callas compõe uma Lucia imbatível no drama e de invulgar qualidade no lirismo, poucas vezes vi o timbre de Callas mostrar tanta beleza quanto nessa gravação, e ainda que longe de sopranos como Netrebko, Fleming, Struder que possuem timbre maravilhosos, o timbre que a Maria Callas apresenta aqui é bem agradável. A coloratura apesar de não ser perfeita e cumprida com competência por Callas.

Um registro histórico ainda que com falhas na gravação completamente aceitáveis, já que o disco foi gravado em 1955, e que prima pela excelência dos interpretes e pela batuta do mitico maestro, Herbert Von Karajan.

Nota: 10 **********