Ouvi a algum tempo atrás a minha cantora de eleição, Maria Callas, interpretando um de seus papeis de excepção junto de seu fiel parceiro, o Di Stefano.
A gravação foi realizada ao vivo na cidade de Berlin sob a batuta do genial maestro, Herbert Von Karajan, que contou com a ajuda do coro do Teatro alla Scala de Milão.
A gravação ao vivo é um dos maiores defeitos dessa gravação, pois nesse dia uma senhora estava brincando de quem tossia mais alto a fim de se sobrepor ao som da orquestra e dos cantores. Isso somado a outros barulhos tiram um pouco do brilho do CD, mas não chegam a atrapalhar sua audição.
Outro defeito, é o corte de cenas, que constam no libretto da ópera, e que estavam incluídas na gravação da Netrebko, que foi resenhada a algum tempo. O corte do dueto de Lucia com o Capelão, da discussão de Edgardo com Enrico no 3º ato antes da Mad Scene, e também de uma parte que antecede a ária "Spargi D'Amaro Pianto" é uma baixa na qualidade da gravação.
Nicola Zaccaria foi profundamente prejudicado nessa gravação, pois seu dueto com a Lucia no 2º ato da ópera foi cortado, e esse é um dos pontos altos do personagem Raimondo. Se destacou em outras passagens como na ária que antecede a entrada da Mad Scene, com uma voz firme e segura, não desapontou.
Rolando Panerai é desde já um dos meus "Enricos" de eleição, a voz é de invulgar potência com agudos e graves soberbos, timbre pesado e escuro que realça a maldade do personagem e uma interpretação sublime.
Giuseppe Di Stefano é o maior Edgardo da história, desde que se começaram a gravar óperas em discos, tendo como seu maior triunfo a prestação a Edgardo em 1953. Aqui em 1955 continua interpretando um Edgardo de outro nível, aliando um timbre e fraseado de suprema elegância, com uma interpretação de outro nível, o que pode ser percebido nas árias finais de Edgardo, que culminam em um "Tu Che A Dio Spiegasti L'ali" emocionante.
O tenor triunfa em todas as linhas, compondo um Edgardo dificílimo de ser ladeado. O registro agudo e central são totalmente dominados, o lirismo e sofrimento na interpretação podem ser sentidos a cada palavra, e um dos maiores momentos da ópera é seu dueto com Lucia no primeiro ato, onde seu talento se soma ao de "La Divina".
Maria Callas interpreta aqui uma de sua melhores "Lucias" de acordo com os aficionados do estilo. Callas foi responsável por dar uma nova vida ao Belcanto italiano, restaurando óperas que foram esquecidas, sendo Lucia Di Lammermoor uma dessas óperas ressuscitadas pela diva grega. .
Em quesito de interpretação, Maria Callas, é imbatível! lendo com perfeição tanto a parte lírica quanto a Spinto da personagem, sobrando ainda espaço para ler as passagens de coloratura da personagem com algum sucesso. A cor da voz muda com uma extrema agilidade, revelando a total habilidade da soprano na interpretação.
Na Mad Scene, Callas nos brinda com uma das melhores Lucias em quesito de drama, já a coloratura não é tão mágica. Os agudos são estratosféricos, porém revelam alguma acidez incomoda e a frágil sustentação dos pianissimis diminui a beleza das ornamentações. Apesar de não ser bela, a agilitá da cantora merece respeito, pois na leitura de Stacattos e cadenzas a cantora se sai muito bem.
Maria Callas compõe uma Lucia imbatível no drama e de invulgar qualidade no lirismo, poucas vezes vi o timbre de Callas mostrar tanta beleza quanto nessa gravação, e ainda que longe de sopranos como Netrebko, Fleming, Struder que possuem timbre maravilhosos, o timbre que a Maria Callas apresenta aqui é bem agradável. A coloratura apesar de não ser perfeita e cumprida com competência por Callas.
Um registro histórico ainda que com falhas na gravação completamente aceitáveis, já que o disco foi gravado em 1955, e que prima pela excelência dos interpretes e pela batuta do mitico maestro, Herbert Von Karajan.
Nota: 10 **********
A gravação foi realizada ao vivo na cidade de Berlin sob a batuta do genial maestro, Herbert Von Karajan, que contou com a ajuda do coro do Teatro alla Scala de Milão.
A gravação ao vivo é um dos maiores defeitos dessa gravação, pois nesse dia uma senhora estava brincando de quem tossia mais alto a fim de se sobrepor ao som da orquestra e dos cantores. Isso somado a outros barulhos tiram um pouco do brilho do CD, mas não chegam a atrapalhar sua audição.
Outro defeito, é o corte de cenas, que constam no libretto da ópera, e que estavam incluídas na gravação da Netrebko, que foi resenhada a algum tempo. O corte do dueto de Lucia com o Capelão, da discussão de Edgardo com Enrico no 3º ato antes da Mad Scene, e também de uma parte que antecede a ária "Spargi D'Amaro Pianto" é uma baixa na qualidade da gravação.
Nicola Zaccaria foi profundamente prejudicado nessa gravação, pois seu dueto com a Lucia no 2º ato da ópera foi cortado, e esse é um dos pontos altos do personagem Raimondo. Se destacou em outras passagens como na ária que antecede a entrada da Mad Scene, com uma voz firme e segura, não desapontou.
Rolando Panerai é desde já um dos meus "Enricos" de eleição, a voz é de invulgar potência com agudos e graves soberbos, timbre pesado e escuro que realça a maldade do personagem e uma interpretação sublime.
Giuseppe Di Stefano é o maior Edgardo da história, desde que se começaram a gravar óperas em discos, tendo como seu maior triunfo a prestação a Edgardo em 1953. Aqui em 1955 continua interpretando um Edgardo de outro nível, aliando um timbre e fraseado de suprema elegância, com uma interpretação de outro nível, o que pode ser percebido nas árias finais de Edgardo, que culminam em um "Tu Che A Dio Spiegasti L'ali" emocionante.
O tenor triunfa em todas as linhas, compondo um Edgardo dificílimo de ser ladeado. O registro agudo e central são totalmente dominados, o lirismo e sofrimento na interpretação podem ser sentidos a cada palavra, e um dos maiores momentos da ópera é seu dueto com Lucia no primeiro ato, onde seu talento se soma ao de "La Divina".
Maria Callas interpreta aqui uma de sua melhores "Lucias" de acordo com os aficionados do estilo. Callas foi responsável por dar uma nova vida ao Belcanto italiano, restaurando óperas que foram esquecidas, sendo Lucia Di Lammermoor uma dessas óperas ressuscitadas pela diva grega. .
Em quesito de interpretação, Maria Callas, é imbatível! lendo com perfeição tanto a parte lírica quanto a Spinto da personagem, sobrando ainda espaço para ler as passagens de coloratura da personagem com algum sucesso. A cor da voz muda com uma extrema agilidade, revelando a total habilidade da soprano na interpretação.
Na Mad Scene, Callas nos brinda com uma das melhores Lucias em quesito de drama, já a coloratura não é tão mágica. Os agudos são estratosféricos, porém revelam alguma acidez incomoda e a frágil sustentação dos pianissimis diminui a beleza das ornamentações. Apesar de não ser bela, a agilitá da cantora merece respeito, pois na leitura de Stacattos e cadenzas a cantora se sai muito bem.
Maria Callas compõe uma Lucia imbatível no drama e de invulgar qualidade no lirismo, poucas vezes vi o timbre de Callas mostrar tanta beleza quanto nessa gravação, e ainda que longe de sopranos como Netrebko, Fleming, Struder que possuem timbre maravilhosos, o timbre que a Maria Callas apresenta aqui é bem agradável. A coloratura apesar de não ser perfeita e cumprida com competência por Callas.
Um registro histórico ainda que com falhas na gravação completamente aceitáveis, já que o disco foi gravado em 1955, e que prima pela excelência dos interpretes e pela batuta do mitico maestro, Herbert Von Karajan.
Nota: 10 **********
6 comentários:
Por que diz sempre Mad Scene quando a ópera é italiana e está a escrever em português?
Ué Raul? todo mundo conhece a cena de loucura de Lucia como Mad Scene, e "Mad Scene" e bem mais sonoro do que "Cena Da Loucura".
E eu já vi vários blogs em português, se referirem a essa cena como Mad Scene
Desculpe amigo mas a americana Mad Scene é para mim uma dessacralização da Scena della Pazia.Pode crer que é muito mais sonoro do que em inglês.
Outra coisa: se quer uma Valkíria é obrigatório comprar a do Solti, por este e pelo melhor Wotam do mundo: Hans Hotter. As outras gravações vêm depois.O mesmo se passa com o Barbeiro de Sevilha. Devia comprar o do par Gobbi/Callas, embora a versão Abbado com a Berganza seja um tesouro.
Um abraço
Raul
Raul, desconfio que voce seja o do Opera e Demais Interesses certo? Nesse caso o proprio de Dissoluto já escreveu Mad Scene http://operaedemaisinteresses.blogspot.com/2010/11/joan-sutherland-veramente-stupenda_01.html
Eu particulamente não me incomodo com a escrita dessa cena, que para mim pode ser tanto Mad Scene, quanto Cena da Loucura e Scena della pazia.
Olha, Raul, a questão é que achar esses discos aqui no Brasil é muito dificil, eu já tinha ouvido falar dessas gravações a que voce se refere, e compraria elas sem pestenejar.
Isso sem falar nos preços que não são nada baixos, os discos são caríssimos, eu queria muito comprar a Aida de Karajana com: Tebaldi, Bergonzi, Simionato... mas desisti depois de ver que a mesma era 105 reais.
Muito Obrigado por esse comentário enriquecedor referindo gravações muito boas para os leitores do blog.
Caro Rubens,
Sim, sou o Raul desse blogue. Escrevo nele desde 2006 e desde há um ano no blogue Valkírio.
Tenho a Aida que refere. Uma alternativa com a mesma qualidade é a gravação do Muti a dirigir a Caballé, o Domingo e a Cossoto, que eu vi na Amneris duas vezes. Outra é a da Price, a Aida sonhada por Verdi, segundo a crítica italiana, aquando da sua Aida no Scala, dirigida pelo Solti e com o Vickers e a Gorr, que já se encontra em dois Cds.
Um abraço.
Oi, Raul fico muito grato que voce tenha comentado nesse blog, e até agora eu não sei como voce me achou aqui.
Eu acompanho o Opera Demais Interesses a pouco tempo, mas já li muitos dos artigos do blog, e principalmente os comentários do blog, que são de altíssimo nível.
Eu já li voce recomendando gravações dessa ópera, e tinha essas 2 mais a da Tebaldi como gravações de referencia para essa ópera.
Eu não conhecia o valkirio, e foi muito bom voce ter me informado da existencia desse blog.
Mais uma vez eu lhe agradeço pela visita, e espero que o faça mais vezes.
Um abraço
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